São diversas as questões que levam as pessoas a terem somente as ruas como opção. A crise habitacional é um dos mais graves problemas sociais das principais megalópoles e, cada uma delas traz peculiaridades, mas também muitas semelhanças. Na próxima semana, o ‘Jornal Nacional’ exibe uma série de quatro reportagens que vai mostrar a realidade das pessoas em situação de rua em quatro grandes capitais e apresenta possíveis soluções. As reportagens vão ao ar nos dias 8, 9, 11 e 12 de julho, e serão conduzidas pelos correspondentes Rodrigo Carvalho em Londres e Felipe Santana em Nova Iorque, e pelos repórteres Pedro Bassan no Rio de Janeiro e Graziela Azevedo em São Paulo.
Na capital da Inglaterra, Rodrigo Carvalho chama atenção para os contrastes de um país tão rico, com tantas pessoas dormindo nas ruas. O repórter mostra como a crise do custo de vida, que se aprofundou com a pandemia e a guerra na Ucrânia, influencia nos altos números de pessoas sem um lugar para viver. Muitas delas são imigrantes que trabalham, mas não conseguem pagar aluguel. “Eu lembro que quando cheguei para ser correspondente em Londres, em 2016, a quantidade de gente dormindo na rua me chamou muito a atenção. Da pandemia para cá, piorou muito. Eu sempre quis gravar uma reportagem sobre esse tema, ouvindo as histórias de quem vive essa realidade tão dura e sempre quis entender o que um país tão rico faz ou deixa de fazer por essas pessoas. Essa série foi uma oportunidade de finalmente mergulhar nesse tema tão importante e tão desconcertante. Londres é uma cidade muito desigual”, afirma Rodrigo Carvalho.
Já nos Estados Unidos, Felipe Santana vai ao Texas e mostra como é importante saber as necessidades específicas de cada um que precisa de ajuda. A reportagem apresenta, entre outras iniciativas, a de uma brasileira, nascida em Belém do Pará, que foi morar na cidade de Houston ainda criança e, após se formar na faculdade, começou a trabalhar em um abrigo para mulheres em situação de rua. Hoje, ela coordena o dinheiro que chega do governo federal para a cidade de Houston, para dar casa a quem precisa. “No Texas, vimos pessoas que do dia para a noite se viram numa situação em que não poderiam pagar o aluguel. Eles não escolheram viver na rua – a situação predominou. Foi tarefa conjunta encontrar solução“, diz o correspondente.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em dez anos a quantidade de pessoas em situação de rua aumentou 211%. No Rio de Janeiro, uma praça, no bairro de Copacabana, se tornou um lugar de bons encontros entre pessoas que não têm onde morar e voluntários. O repórter Pedro Bassan mostra como esse trabalho, que é feito por moradores, auxilia pessoas em situação de vulnerabilidade e pode transformar as suas realidades. “Me impressionou bastante uma iniciativa transformadora de vários moradores de Copacabana, que é um dos bairros mais ricos do Rio de Janeiro. Algumas vezes por semana eles descem, vão para a praça e encaram essas pessoas como vizinhos, que de fato são. Ao reconstruir esses laços com quem está ali em frente às suas casas, eles criam condições, abrem caminhos e possibilidades para que quem não tem onde morar possa reconstruir várias etapas da vida que deixaram para trás“, conta Bassan.
Na maior cidade do país, Graziela Azevedo apresenta os diversos fatores que levam pessoas a viverem em situações precárias, entre eles o desemprego, a desigualdade social, o alcoolismo, o abuso de drogas e conflitos familiares. A reportagem destaca uma ideia que vem ganhando força no Brasil e no mundo, que é fazer da moradia o centro da política para a população em situação de rua. “Vamos contar histórias de gente que já perdeu demais, sofreu demais, que enfrenta do vício à pobreza crônica e que precisa sim de assistência social, mas sobretudo de um teto. Por isso uma nova visão de política pública coloca a moradia como centro, necessidade básica. Sem casa, sem endereço fica quase impossível estudar, conseguir trabalho, se reerguer“, diz a repórter.
O ‘Jornal Nacional’ exibe a série sobre a realidade de pessoas em situação de rua nos dias 8, 9, 11 e 12 de julho, logo após ‘Família é Tudo’.