Foram quatro dias vivendo um sonho. Maycon, que sempre almejou entrar no ‘Big Brother Brasil’, chegou ao programa com o desejo de experienciar cada detalhe de uma oportunidade única. Considera que ter materializado essa idealização foi a parte mais especial de sua breve participação no reality show. Não teve tempo de formar alianças, mas criou laços de amizade que pretende carregar para a vida. Ao contrário do que pensou antes do confinamento, não fez da cozinha uma estratégia de jogo: manteve sua paixão no lugar do afeto, optando por cozinhar como forma de demonstrar carinho aos companheiros de competição. Pondera, no
entanto, que talvez não tenha sido o bastante para que o público o conhecesse por completo, já que não teve votos favoráveis o suficiente para sobreviver ao paredão em que enfrentou Yasmin Brunet e Giovanna, obtendo apenas 8,46% da preferência dos espectadores. “Saí da forma que imaginei que sairia. Eu queria muito ser esse cara de ‘ou eu ganho e vou fazer tudo que eu imaginei, ou eu saio e vou comentar BBB’ – porque eu sou um baita fã do reality! Realmente é um programa curto, mas para nós, lá dentro, o tempo parece que passa muito mais rápido”, comenta.
A seguir, confira quem o ex-brother deseja ver campeão da edição, os aprendizados que ele leva do confinamento e seus planos para o pós-BBB.
O que foi mais especial para você na experiência de participar do ‘Big Brother Brasil’?
Foi materializar a casa e ter pontos de vista que eu sonhei em ter. Por exemplo, nunca tinha visto uma prova do líder pelo ângulo do participante. Quando eu chego à casa do BBB e dou um 360 nela inteira, cada cômodo, nossa… Se precisar construir uma casa do BBB hoje sem precisar voltar lá, só com a minha descrição, eu tenho certeza de que vai ficar 90% igual, porque eu visualizei muito, curti muito, toquei nas coisas. Foi especial.
A passagem pelo programa te trouxe aprendizados? Se sim, quais?
As outras 23 edições me ajudaram a me educar, e a 24ª me mostrou coisas ao meu respeito que eu não sabia. Não tenho dúvidas do quanto essa edição vai mudar a minha perspectiva de mundo e a pessoal também, porque gente nunca está em todos os lugares, em todas as conversas, ao mesmo tempo.
Em uma conversa durante a primeira festa, você falou para o Davi que não almejava vencer o BBB e, sim, chegar à final. O que você quis dizer? Acredita que essa visão pode ter impactado sua permanência no jogo?
Eu sou um cara zero vitimista na vida. Tanto é que eu sou jornalista, sou professor de História, e abandonei as duas profissões para fazer o que eu sempre sonhei: comida. A oportunidade que eu tive de fazer comida foi em uma escola pública; aí eu me descubro o tio da merenda e realizo o sonho da minha vida. Eu nunca trouxe a vitimização no programa também. Falar dos meus projetos com o dinheiro do prêmio poderia cair no limbo da vitimização. Comentei diversas vezes com o MC Bin Laden sobre criar um projeto para crianças com música, mas eu nunca falava para ele do meu projeto para as crianças. Não queria fazer parecer que eu estava me apoiando nisso para ganhar o prêmio do BBB. Preferi não falar sobre isso naquele momento com o Davi, disse que poderia conversar depois. Não era sobre não querer ganhar o programa, nem querer desmerecer os outros participantes. Mas aquela não era a hora de conversarmos sobre isso. Eu estava em um paredão e eu queria só encurtar assunto. Também era a festa em que só tinham os “megazordes” do pagode. Eu vou perder 5 minutos disso nessa questão? Não, não tenho tempo para isso (risos).
A que você atribui a sua eliminação, com apenas quatro dias de reality show?
Saí da forma que imaginei que sairia. Eu queria muito ser esse cara de “ou eu ganho e vou fazer tudo que eu imaginei, ou eu saio e vou comentar BBB” – porque eu sou um baita fã do reality! Eu acompanhava, comprava briga na internet, era essa pessoa que está falando mal de mim hoje… Agora eu entendo que não faz bem questionar a postura de um participante dentro do jogo. Antes, eu assistia ao BBB 24 horas por dia e comentava. Hoje, eu seria o cara que estaria esperando a minha entrevista pós-eliminação para assistir por completo, para ter um outro ponto de vista e, aí sim, ter esse entendimento de que “pô, ele tinha mais coisas a dizer”. Realmente é um programa curto, mas para nós, lá dentro, o tempo parece que passa muito mais rápido.
Você trabalha na cozinha de uma escola e, no BBB 24, também se colocou a postos para cozinhar para os demais participantes. Essa postura, na casa, fazia parte da sua estratégia de jogo?
De forma nenhuma. No começo, até pensei que o estômago é o segundo cérebro. Mas, conversando com alguns participantes, eu falei: na minha casa seria exatamente igual. Na minha vida, o natural seria isso. Eu abandonei minhas profissões para atuar cozinhando em uma escola porque eu amo servir ao outro. Foi nesse lugar que eu coloquei. Queria servir todo mundo, ajudar todo mundo, fazer a cozinha girar e girar muito.
Logo após a saída da prova de resistência, quando retornou à casa, você chorou sozinho no gramado. O que passava pela sua cabeça naquele momento?
Muitas vezes meus choros eram de felicidade. Nesse momento tenho vontade de chorar só de lembrar o que eu vivi (risos). É um sonho. E um sonho nunca morre: ou você acorda ou não lembra, mas ele jamais vai morrer. Ali eu estava materializando que tinha acabado de sair de uma prova de resistência do ‘Big Brother Brasil’, entendendo o que os participantes que antes eu assistia pela TV passavam. Foi um choro de emoção: eu vivi uma prova do BBB. Estava materializando esse sonho por inteiro. Foi uma coisa muito maluca. Fui feliz chorando em todos os cômodos da casa (risos).
Fora do BBB, você foi criticado por algumas falas com o Vinicius Rodrigues. O que teria a dizer a respeito?
Primeiro, que o Vinicius é um príncipe. Queria ser amigo dele, compartilhar da história dele. A rede social dele mostra que ele é um cara muito massa e eu queria comprovar isso. Gostei demais do Vini! Em todas as brincadeiras de que participei, dei continuidade ao que ele nos dava liberdade para brincar, falar e fazer. Em momento algum eu quis invadir, ofender. Antes da prova, ele tinha verbalizado muito pra gente que queria brincar, competir; por isso o indiquei para a piscina de geleca. Entre o que eu falo e o que as pessoas entendem existe um oceano, e um oceano em que cada um está em um barquinho diferente: uns estão em um iate, outros em um cruzeiro, outros em um bote salva-vidas… Se eu ofendi alguém, eu só tenho a pedir perdão, porque eu te vi do meu barco; e talvez eu esteja em um bote menos preparado que o seu, ou menor, ou melhor…
Já fora da disputa, como avalia a sua decisão de levar a alguns colegas o nome da Yasmin Brunet como opção de voto para a formação de paredão? Teria feito da mesma forma, se pudesse voltar atrás?
Em momento algum eu combinei voto trazendo o nome da Yasmin. Me perguntaram com quem eu gostaria de ir ao paredão, se fosse indicado, e citei o nome dela. Fui conversando com outras pessoas e vendo que elas tinham a mesma percepção sobre, nas conversas, ela não responder, não trazer nada dela. A minha jogada não era por ter algo contra ela. Mas eu precisava trazer alguém comigo ao paredão. Quando estávamos no quarto falando sobre isso, entrou mais um falando: meu voto é nela. Pensei: olha aí, já tem mais uma pessoa que falou que votaria na Yasmin, além daqueles todos que eu achei que estavam comigo; talvez não seja uma leitura só minha.
Com quais participantes mais se identificou lá dentro e por quê?
O Lucas Pizane é um deles. Na prova a gente se divertiu muito! Ele tem aquela malemolência, ele canta… É um cara fantástico! Quero muito tê-lo por perto. A Fernanda também. O Alegrete [Matteus], nossa, que cara bacana. Ele dançando na festa, passando uma inocência, uma brincadeira linda. Também fiquei muito próximo do Vinicius e do MC Bin Laden. O Bin chegou para mim confidenciando que não sabia cozinhar, e eu já falei: cola em mim, que você vai sair daqui fazendo altos rangos (risos). Quero muito tê-los minha vida, caso eles queiram também, claro.
Quem você deseja ver campeão da edição e por quê?
O Vinicius ou o Alegrete [Matteus]. Quero muito que o Vini escreva a história dele, que ele bata vários recordes, até o próprio. Torço muito pela felicidade dele. E o Alegrete pela história de vida, pelo moleque que ele traz, a essência. Queria muito que o Brasil os conhecesse da forma que eu os conheço porque é muito diferente, muito massa.
Quais são seus planos para os rumos pós-BBB? Você contou que é apaixonado pela sua profissão. Pretende voltar à cozinha da escola?
Eu pretendo cozinhar. Na minha casa, na casa de todo mundo. Pretendo muito cozinhar para as pessoas, fazer um estrogonofe de salsicha (risos)… Quero esse lugar de trazer para as pessoas a afetividade da cozinha. Pode ser arroz, feijão e salada, mas se eu empratar isso de uma forma diferente, se eu te servir com carinho, você vai ver que o arroz, o feijão e a salada são diferentes. Quando eu assistia ao BBB aqui de fora, ficava olhando as sobremesas intocadas nas festas. Lá dentro, eu provei todos os doces, um por um, porque alguém pensou e fez aquilo com muito carinho pra gente. Eu tive a mesma visão do figurino, também. Cozinha, para mim, está nesse lugar de afeto.