Reza a lenda que um pedido feito na nascente do Rio Mississippi, localizado próximo à fronteira dos Estados Unidos com o Canadá, leva 90 dias para ser realizado. “Esse é o tempo para cada gota que brota por lá atravesse 10 estados americanos até chegar o Oceano Atlântico”, explica a repórter Sandra Coutinho no ‘Globo Repórter’ da próxima sexta-feira, 6 de junho, que mais do que revelar as belezas naturais e a fauna do entorno do Rio Mississippi, se propõe a apresentar um pouco da aura mítica da região: “A tradição é que você tem que molhar pelo menos o pé quando vem na nascente. Obrigada, Rio Mississippi, que você carregue a gente com carinho nesses dias”.
O pedido feito pela jornalista antes de iniciar a expedição por quase quatro mil quilômetros foi o mesmo feito pela enfermeira Traci Lynn Martin, de 53 anos, que, após se recuperar da Covid, resolveu fazer da travessia do Rio Mississippi até o Golfo do México uma jornada de redenção pessoal. “Foram 21 dias muito doente. Parecia que algo estava pressionando no meu peito. O meu corpo ainda não está 100%. O meu maior objetivo aqui é não é entrar para o livro dos recordes, mas conseguir a minha saúde de volta. É permitir que a natureza me cure”, explica ela.
Mesmo sofrendo de artrite reumatoide, a enfermeira, que se dedicou a cuidar de paciente com Covid em um hospital no estado do Missouri, quer inspirar outras pessoas. “Não posso mais correr, mas posso andar de caiaque porque só preciso mexer a parte superior do corpo. As pessoas hoje vivem estressadas, tomando medicamentos, antidepressivos. Quando estou assim vou pra água, eu quero inspirar quem tem condições crônicas a nunca desistir da vida”, conta a enfermeira.
A equipe do ‘Globo Repórter’ degusta ainda um verdadeiro banquete com os sabores da floresta: peixe, cogumelos, arroz-selvagem. Tudo colhido e feito na hora pelo guia Terry Lassen, que vive isolado num trailer dentro de uma reserva indígena. Ele prepara uma bênção invocando os espíritos de proteção da floresta, utilizando um bastão com penas de águia e explica por que a ave é tão sagrada para os indígenas norte-americanos. “Porque elas são sabias, vivem uma vida longa e ensinam os jovens a pescar. São as mensagerias para um outro nível de vida”, conta ele.