A foto dos corpos de Óscar Martínez e sua filha Angie, de um ano e onze meses, boiando às margens do Rio Grande, na fronteira do México com os Estados Unidos, escancara o drama de milhares e milhares de imigrantes ilegais. Dispostos a tudo, inclusive a morrer, eles buscam uma vida digna em solo americano.
Para mostrar a dimensão do drama destes imigrantes, a equipe do Câmera Record acompanha famílias, durante 21 dias, que atravessam a América Central clandestinamente, fugindo da miséria e da violência de grupos armados, rumo à terra do Tio Sam. Uma viagem longa e perigosa no chamado chamado “Trem da Morte” ou La Bestia. A cada ano, 150 mil pessoas desafiam a morte sobre seus trilhos e 1.300 morrem no caminho ou são mutiladas, segundo Instituto Nacional de Imigração Mexicana. O programa será exibido em dois episódio e o primeiro vai ao ar neste domingo, 07/07, e o segundo em 14/07.
Além de mostrar a perigosa saga, o programa entrevista autoridades e organismos internacionais que analisam o fluxo migratório na região e no mundo.
Na viagem de quase um mês, a equipe descobre que, antes de embarcarem no trem, os migrantes têm que atravessar um rio, em balsas improvisadas, da Guatemala para o México.
Os salvadorenhos César e o sobrinho caminharam durante cinco dias até a fronteira entre os dois países com apenas uma mochila. Nela, uma troca de roupa para cada um. Estavam exaustos e famintos. “Pra gente é um sonho chegar nos Estados Unidos, Deus vai nos ajudar, queremos trabalhar e ter uma vida melhor, só isso“, conta.
A rota migratória deixa marcas profundas nas famílias que ficam. Porque muitos migrantes desaparecem no meio do caminho ou são sequestrados por cartéis mexicanos. Centenas de pessoas aguardam notícias dos parentes que partiram, com a roupa do corpo, em busca do sonho americano.
Marco Antonio era motorista, mas o salário era corroído pelo imposto de guerra cobrado pelas gangues de Honduras. “Por causa das extorsões e dificuldades que passava em Honduras ele resolveu ir para os Estados Unidos no dia 22 de fevereiro de 2013“, relata a mãe. De lá pra cá, Maria Eliza Castro não teve mais informações do paradeiro do filho.
A produção é dos jornalistas Romeu Piccoli, Henrique Beirangê, Michel Mendes, Fabiana Vilella e Natália Florentino.